azul-turquesa Examino com cuidado as vestimentas que a ursa me entregara. Um manto amarelo gema, um gorro verde rã e uma corda simples [provavelmente para amarrar na cintura]. Não há nada de errado, nem qualquer tipo de magia nas roupas [e como diabos sei disso? Apenas sei.].

Visto-me e me dirijo à porta do quarto [não parecia tão grande antes]. Abro e dou de cara com um corredor pequeno, estreito e... alto. Uma sensação de pequenice me invade [por que fariam uma construção com teto tão alto? provavelmente porque pessoas muito grandes passam por aqui]. À esquerda do corredor, nada. O quarto onde eu estava é o último. Sigo na direção oposta. Há outras quatro portas, todas com a altura do dobro e meio do meu tamanho [receio que não devo arranjar brigas com ninguém deste local, todos dever ser muito truculentos]. Ao final do corredor, há uma porta à esquerda que dá acesso a um salão [ah, é uma taberna]. E foi aqui que me senti um anão. Várias mesas com cadeiras colocadas viradas sobre elas e minha estatura não passa da altura das mesas. O local parecia bem limpo e organizado. Um balcão comprido [até o balcão é mais alto que eu!] e lustroso de madeira separava os barris [de bebidas] das mesas. Não parece ser a primeira vez que me sinto pequeno, mas nada me recordo do passado.

Corro os olhos pelo salão. Apenas uma mesa tinha as cadeiras no chão. Pessoas sentavam nas mesmas.

A dona ursa me vendo adentrar o recinto [deve ter visto só o gorro verde por entre os móveis!] levanta e me chama carinhosamente [começo a sentir que ela me trata assim por causa do meu tamanho...].

- Venha querido, sente-se conosco, temos muito o que conversar. - [como ela parece gigante agora]

Aproximo-me e sento na cadeira vaga [provavelmente reservada para mim]. Reparo nas pessoas à minha volta. Um homem, uma mulher e um... [sapo? parece que sim]. Nenhum outro urso como eu ou a senhora. O homem à minha esquerda aparenta ser jovem, apesar dos cabelos alvos e compridos, contudo seu semblante carregado e seus olhos profundos e azuis deixam transparecer muito sofrimento. Traja um manto cinzento escuro, um pouco desbotado e parece ter um volume incomum nas costas [uma corcunda?]. A mulher à minha direita, possui um rosto arredondado, porém desafiador, olhos diretos e incisivos com cílio fortes, lábios carnudos e pele branca como se nunca pegara sol. O cabelo era algo estranho, metade raspado, metade tinha compridos, azul-turquesa. Veste-se com um traje de povos da montanha [como sei disso? não tenho a mínima ideia], blusa e calças escuras, um tecido mais espesso e quente. E o outro, o sapo, é tão pequeno quanto eu, só o que vejo dele é a cabeça esverdeada, seu papo branco-amarelado e seus olhos enormes cor de ouro, piscando várias vezes.

Todos eles me passam uma sensação familiar, já os conheço, porém não tenho nem ideia de quais são seus nomes [não sei nem o meu] ou suas histórias de vida [nem a minha].

- Muito bem, queridos, bom que todos despertaram. Não foi fácil esperá-los e tratá-los, mas estão todos vivos. Sei que têm muitas perguntas. Agora não é o momento. Tudo o que precisam saber é que são todos amigos e precisam se apoiar na confiança uns nos outros para vencer os desafios que se aproximam.

- Que tipo de desafios? - perguntou o sapo. Sua vez era grave, bem encorpada, somo se estivesse de boca cheia.

- Tenha calma, pequeno anfíbio. Tudo a seu tempo. Primeiro, tenho uma pergunta. Algum de vocês lembra-se do próprio nome? - ela olhava para nossos rostos e todos sem exceção eram de dúvidas, balançando negativamente as cabeças - Muito bem, então providenciarei nomes. Não é sensato vagar por este mundo sem uma identidade.




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    Smaily Carrilho é escritor nas horas vagas quando a imaginação lhe perturba até materializar palavras em arquivos de computadores ou blogs/sites/redes sociais.

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    Janeiro 2014

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